Passamos ao largo de Portalegre e começamos a subir as serras de São Mamede e de Marvão. Passada a vila de Portagem, começa a subida ao castelo de Marvão, a 843 metros de altura.
Nos idos do século VIII, sem conseguir resistir ao avanço dos muçulmanos na região, os habitantes de Marvão abandonaram as suas terras para buscar refúgio nas montanhas das Astúrias, onde se mantinha viva a resistência cristã. Antes de partir, porém, trataram de esconder as imagens sagradas. À época da Reconquista, passados mais de quatro séculos, afirma-se que em uma noite, um pastor guiado por uma estrela, dirigiu-se a um monte onde encontrou, entre as rochas, uma imagem de Nossa Senhora. Em sinal de devoção, foi erguido nesse local um convento franciscano (Convento de Nossa Senhora da Estrela), tendo a Senhora se tornado protetora do castelo. Com relação a essa devoção em particular, conta-se ainda que, uma noite em que forças castelhanas, conduzidas por dois traidores, se aproximavam sorrateiramente do castelo para o assaltar, ouviu-se na escuridão uma voz feminina que bradava "Às armas!". Enquanto os sentinelas avisavam a guarnição para se pôr a postos, puderam ser vistos os castelhanos em fuga descendo a encosta, assustados
Ainda no período muçulmano, degradado o povoado romano, o vizir de Coimbra, ibn-Marwán, reedificou no século XII a povoação serrana, que tomou seu nome. O vizir teria vindo da Espanha, fugido de uma revolta que liderara contra o emir de Córdova.
A vila recebeu foral em 1226, reinando D. Sancho II.
Entramos pela Porta do Ródão para conhecer a Torre do Relógio, antes Paço do Concelho, a Casa do Governador e uma antiga fonte ali construída. As igrejas estavam fechadas. A visita à Torre de Menage é paga - e muito cuidado! --, pois não há grade ou outra proteção nas escadas e na guarda no alto da torre.
Um grupo de turistas portugueses estava visitando o local, sob a direção de uma guia paulistana (que nos recomendou conhecer Castelo de Vide). A pobre moça estava estressada e ameaçava cancelar a ida a Castelo de Vide se o grupo não se apressasse nos banheiros.
Já era fim de tarde. E as igrejas estavam fechadas, assim como o museu local. Mas caminhar pelas trilhas de ronda dos soldados é fantástico. Um retorno à Idade Média.
Puxei conversa com um casal de italianos. Ele não abriu a boca, ela respondeu que ela de Florência e agradeceu meu elogio à cidade. Mais adiante, ela perguntou de onde éramos e elogiou a beleza do Brasil. E nada mais falamos. Pois é, a gente do norte da Itália não é de conversa com estranhos.
Rumamos um pouco mais ao norte para ver Castelo de Vide, uma cidade agradável, mas sem nada a relevar.
Na volta apenas vimos por fora o mosteiro de Crato, hoje pousada particular. Ali tinha poder o Prior do Crato.
Cruzamos também a elegante Alter do Chão, onde está a mais famosa coudelaria portuguesa. A coudelaria é onde cavalos de raça são treinados e se apresentam dançando ou desfilando, cobertos de mantos de vivas cores.
As castanhas são a especialidade regional. Usadas em sopas, carnes e peixes, bem como frutas secas ou em calda.
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