Dia 8 chegamos ao Porto. Daqui, teria vindo o nome do país, de um antigo Portus Cale. Eu suspeito, todavia, que a origem esteja na outra margem do Douro, em Vila Nova de Gaia: Portus Caliae >> Portus Gáliae >> Portu Gale >> Portugal. De Calia também derivou Gaia, o nome da vila.
Com o aumento da atividade comercial marítima na Idade Média, os burgueses ascenderam ao poder e conseguiram do rei a proibição de qualquer fidalgo morar dentro da cidade ou de seu termo. A vedação não atingia, todavia, nobres, cavaleiros e escudeiros.
O Porto é a sede da Região Demarcada do Alto Douro, a mais antiga do gênero, criada no século XVIII pelo Marquês de Pombal para destacar a região vinícola que produz o famoso vinho do Porto. Há nessa região inúmeras caves, algumas da quais em Vila Nova da Gaia.
Deixamos nossas coisas no Hotel D. Henrique. Estava frio e ameaçando chuva. Ainda assim fomos aos Paços do Concelho, numa das extremidades da Praça da Liberdade. Defronte a ele, uma estátua de Almeida Garrett e um pouco mais afastado, um espelho de água de centímetros de altura, onde os pombos se refrescavam. De quê, não entendemos.
No extremo oposto, um edifício suntuoso, hoje hotel. Ainda defronte ao hotel, uma estátua equestre de D. Pedro (I no Brasil, mas IV em Portugal). As feições não lembram muito o Imperador, pois ostenta uma barba cônica.
Logo perto ao hotel está a Igreja de Santo António dos Congregados, com fachada de azulejos. Dela se divisa à esquerda, sobre a colina da esquerda a igreja de Santo Ildefonso, toda em ladrilhos azuis. Lá assistimos a u'a missa dominical.
À direita da Igreja dos Congregados, se vê numa outra colina a igreja dos Clérigos, com suas altas torres.
À frente, a Igreja dos Congregados está de frente para a Estação São Bento e a Sé do Porto.
Da Estação São Bento partem trens para Guimarães, Aveiro, Marco de Canavezes, Braga, Penafiel etc., consideradas cidades da Grande Porto. As paredes no interior da estação São Bento são cobertas com azulejos mostrando eventos históricos portugueses e cenas de costumes rurais do país. As mais grandiosas são a Entrada Solene de D. João I no Porto, para casar-se com D. Felipa de Lencastre. A outra é o Torneio dos Arcos de Valdevez.
Os trens dali partem rumo a um túnel que se abre longe do centro.
Seguimos para a Sé, no alto do morro de Penaventosa, sítio de um antigo castro galaico-português. No topo da ladeira para a catedral pontifica a estátua de Vímara Peres, um comandante militar galego de origem visigótica, nascido em A Corunha cerca de 820, responsável por tomar e repovoar a região do Porto, a mando de Afonso III. Ao pé desse morro, o pequeno Mercado de São Sebastião, numa ruela que contorna o morro.
A Sé estava fechada. De lá, principalmente ao lado do gigantesco Palácio Episcopal, se pode ver o rio Douro separando o Porto de Vila Nova da Gaia.
Há na Sé um pelouro alto. Em uma pedra ali postada vê-se a mensagem de que dali o bispo D. Pedro Pitões convocou os portuenses para participarem da Cruzada.
A Catedral tem formato de fortaleza e foi construída na época da Reconquista, em estilo românico. Voltamos pela tarde a ela. O edifício é altíssimo, uns 30 metros de altura. O altar do Santíssimo Sacramento, ao lado altar mor, é de prata e foi salvo das pilhagens francesas porque o sacristão as recobriu com gesso e tinta.
O claustro da Sé tem estilo gótico, com as paredes recobertas de painéis de azulejos mostrando anjos e cenas quotidianas.
Descemos até a igreja jesuíta dos Grilos, dedicada a São Lourenço e onde funciona o Seminário Maior do Porto e o Museu de Arte Sacra. Mas estava fechado.
Seguimos morro abaixo até o Cais da Ribeira.
No dia seguinte, ainda chuvoso, passeamos de novo pela cidade. Fomos, esta feita, andar pela ponte D. Luís I. Tiramos algumas fotos, mas eu não levei a filmadora, para que não se estragasse.
Dali fomos à igreja-monumento de São Francisco. Igualmente majestosa, é ricamente decorada em talha dourada. O altar-mor e as capelas laterais são também de madeira ricamente entalhada. O primeiro é um enorme cômodo no qual foi encaixada uma pesadíssima peça de madeira contendo o nicho de N. Sra., o sacrário e inúmeras imagens de santos entalhadas em madeira e recobertas de dourado.
Destaca-se uma capela chamada de Árvore de Jessé, onde uma árvore brota de um corpo adormecido, o de Jessé. Delas saem os ramos que ilustram a genealogia de Cristo descrita na Bíblia. No alto, a Virgem Maria e o Menino Jesus, descendentes de Jessé. A tridimensionalidade da peça não é perfeitamente captável por máquina fotográfica nem câmeras.
Ali também visitamos a Casa do Despacho da Ordem e seu pequeno museu. Vimos também a faustosa Sala de Reuniões e as catacumbas, onde estão as sepulturas dos irmãos, todos do século XIX, embora alguns benfeitores de 1749 em diante ali tenham seu lugar de descanso.
Seguimos para a Casa Dom Infante, onde se crê tenha nascido o infante navegador. Nela funciona um museu que exibe as ruínas romanas e u'a maquete explicando o desenvolvimento da cidade do Porto desde a época romana. Num dos pavilhões, pode-se pressionar o botão com o nome de um local da cidade, ver onde fica e ouvir algo a respeito dele.
Descemos às margens do Douro, onde ficam as famosas Casas da Ribeira, pitorescas casas antigas, pintadas de cores vivas, mas um tanto decadentes.
Almoçamos num restaurante por ali. E sentimos como o pessoal do norte é sossegado: ficamos um tempão na esplanada e ninguém apareceu para nos servir. Só quando entramos veio u'a mocinha trazer a ementa (como aqui chamam o menu).
Vimos de longe o Palácio da Bolsa e o Mercado, mas estavam ambos fechados e a eles voltamos depois. Subimos pela rua das Flores, onde aproveitamos para ver a linda fachada da igreja da Misericórdia.
Percorremos vagarosamente, aproveitando a vista da altíssima ponte D. Luís I, que liga o Porto a Vila Nova da Gaia. Nela, também corre a linha amarela do metrô (aqui também apenas metro) que liga as estações de Santo Ovídio à do Hospital São João. Ele sai do túnel bem na entrada da ponte.
Em Vila Nova da Gaia, a ponte acaba no Jardim do Morro.
No dia seguinte, dia 10 de junho, o feriado do Dia de Portugal. Tínhamos programado ir de trem a Peso da Régua para descer o Douro de barco. Como os trens estavam parados, em greve, um ônibus nos levou ao Peso, passando pela altíssima serra do Marão, de onde se divisa enormes extensões de terras cobertas por videiras, que produzem o famoso vinho do Porto.
No ônibus ia uma animada congregação batista. O pastor havia morado em São Paulo e sempre puxava conversa conosco. Disse que morar no norte não é legal, pois o povo é muito fechado. Disse mais, que os portugueses que vêm do Brasil ficam doidos para voltar pra lá pelo jeito aberto dos brasileiros. Ele se lembrou e veio com um CD de músicas evangélicas para trazermos para o Brasil.
É claro que a companhia nos levou para conhecer uma fabricante de vinhos. Gigantescos tonéis de carvalho e de alumínio maturam diferentes tipos de vinho. Também inúmeras prateleiras guardam garrafas já cobertas de pó, com mais de 20 anos de idade.
A apresentadora falou sobre os diversos tipos de vinhos ali produzidos - tinto, verde, espumante ... - e sobre o processo de amadurecimento e armazenagem. Contou que há apenas uma variedade que continua maturando após aberta a garrafa. Os demais viram vinagre.
Enquanto degustávamos vinhos e outras pessoas viam os produtos expostos à venda (principalmente os rebuçados, uma balinha de mel com uva), um senhor que trazia uma concertina (acordeão para nós e gaita para os gaúchos) começou a tocar. Tias dançavam com seus sobrinhos, o pastor com uma senhora do grupo dele.
A sobrinha do pastor nos trouxe um folheto doutrinador. Sabendo que éramos brasileiros, perguntou se era verdade que no Brasil havia mais evangélicos que católicos. Claro que respondi que mal passava de uns 30% da população, contra uns 60% de católicos. Não pareceu aborrecida com a notícia. Mas preferiu ir doutrinar um casal de gaúchos que ia também percorrer o rio.
O ônibus seguiu viagem para Peso da Régua, onde embarcamos. O dia estava encoberto e muito frio, mas felizmente não choveu.
O barco seguiu modorrento num trecho onde o rio é bem largo. Altas encostas cobertas de parreiras alternavam-se com trechos de mata. Às margens, diversos pescadores tinham suas linhas na água.
Passamos por diversos vilarejos. Em um deles, na margem do rio há uma imagem de um anjo dourado cabisbaixo. Naquele ponto, uma ponte sobre o rio desabou no exato momento em que um ônibus de excursão e um automóvel passavam. Morreram dezenas de pessoas e um dos corpos só foi resgatado na Espanha, rio acima (falaremos dele mais adiante).
No início da viagem foi servido um baita almoço a bordo.
Depois, voltamos para o deque do barco. O guia português era um barato. Jovem, mas com um ar muito sério e profissional. Mas à medida em que a viagem se desenvolvia, foi muito requisitado pelos brasileiros a bordo para conseguir uma garrafa de vinho e para dar informações. De repente, começou a tocar Olha a Onda, um axé gostoso. Ele dançava e fazia a coreografia igual à dos brasileiros, com ondulações de mãos e palmas.
Por falar em brasileiros, encontramos um jovem casal gaúcho cuja esposa quase não saía do restaurante, pois dizia estar morrendo de frio. E um casal de meia-idade carioca (Fernando e Sílvia, pescadores e mergulhadores de carteirinha) e, no final, encontramos outro carioca, morador na Barra).
Passamos por duas eclusas. Nem os brasileiros sabiam que em Barra Bonita (SP) nós temos uma há muitas décadas, com 26 metros de desnível. De qualquer forma, é sempre interessante entrar numa. A primeira delas, em Carrapatelos, tem 35 metros de altura e a segunda, de Crestuma-Lever, muitos quilômetros abaixo, tem 14 metros de altura.
Em Entre-os-Rios, perto de onde o rio Tâmega entra no Douro, na margem esquerda deste rio Douro, há uma estátua de um anjo, São Miguel, em bronze e banhada de ouro, com 12 metros de altura. O anjo parece desolado, com uma enorme dor sobre os ombros. Ele rememora aos passantes e aos locais o acidente de 4 de março de 2001, quando um ônibus e três automóveis caíram no rio ao desmoronar-se a ponte de Hintze Ribeiro. Morreram 59 pessoas. Pelo menos um corpo foi encontrado na Espanha, rio acima.
Depois de cerca de 6 horas de navegação, a embarcação se aproxima do Porto. Passa sob as pontes do Freixo, de D. Maria Pia, de Gustav Eiffel, do Infante e, finalmente, de D. Luís I, quando chega ao porto da Gaia.
Dia 11 de junho, terça-feira com céu encoberto e constantes chuviscos. Estivemos nos Paços do Concelho e parte da cidade histórica. Fomos ao Arquivo Distrital, já quase fechando. A moça que nos atendeu não estava com muita paciência e fomos embora.
Conhecemos a praça e os prédios do Convento da Vitória e do Centro Português de Fotografia. A poucos metros dali, a famosa torre da Igreja dos Clérigos, construída entre 1754 e 1763. Vencidos os 76 metros de altura pelos 240 degraus de uma escada em espiral, têm-se uma visão privilegiada do Porto e arredores.
Subindo a rua das Carmelitas, fomos conhecer a Livraria Lello, uma casa comercial antiga, que tem no meio do salão inferior uma escadaria toda trabalhada e vivamente pintada, que se abre para ambos os lados do andar superior.
Passamos na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, buscando informações sobre a área de arqueologia. Como não tivemos sucesso, voltamos à Casa Dom Infante para conversar com o arqueólogo que lá trabalha.
Mithiko visitou o Palácio da Bolsa, um edifício enorme em estilo neoclássico construído em 1842 em terrenos do antigo Convento da Ordem de São Francisco e remodelado para atender ao gosto dos ricaços que ali faziam seus negócios.
O pátio é recoberto por uma clarabóia de vidro. A visita é guiada. Passa-se pela Sala de Reuniões, decorada por estuque recoberto de dourado. O piso é de madeira de várias tonalidades, encaixadas uma a uma para formar desenhos geométricos. São madeiras trazidas do Brasil e da África. Ela ainda é palco das reuniões do comitê dirigente. Tem retratos dos presidentes que já serviram à organização.
Depois há a Sala das Assembléias Gerais, cuja parte superior é também em gesso, pintada ora como madeira (as paredes), ora como bronze (os escudos e brasões). O artista quis mostrar que se pode simular qualquer material com o gesso e cores. O piso também é de madeiras encaixadas.
No centro da sala, há u'a mesa também trabalhada com madeiras diversas. O carpinteiro levou 3 anos trabalhando na peça.
Por fim, o Salão Árabe, imprescindível numa sala oitocentista, que exigia sempre um salão exótico para os bailes. O estuque das paredes é trabalhado com cores fortes e inscrições árabes tão rebuscadas que mesmo os árabes não conseguem ler muitas delas. Os artistas se inspiraram no Palácio de Alhambra de Granada.
A seguir, atravessamos a ponte D. Luís I para ir ao Corte Inglés, que fica em Vila Nova de Gaia, comprar cartões de memória para nossas máquinas fotográfica e filmadora.
Com preguiça, resolvemos voltar de metrô. Enquanto decifrávamos as instruções, uma senhora resolveu nos explicar e ia fazendo as operações. Deve ter-nos visto como um casal de velhos analfabetos em tecnologia moderna. Depois, nos deu diversas dicas de uso do cartão. Ela estava sentada e eu de pé junto à porta. Volta e meia ela se lembrava de algo e vinha contar. Uma dessas dicas é a de que o cartão servia para viajar de graça no trem para Covilhã, desde que a viagem começasse em até uma hora do uso anterior do cartão. Muito simpática.
Dia 12 o dia começou melhor. Já havia nesgas de sol. Aproveitamos o tempo para filmar e fotografar de novo o que já havíamos feito sob céu nublado.
Depois, pegamos o ônibus Linha 500 para a foz do Douro. Descemos no Jardim do Passeio Alegre, um pouco antes de começar a avenida do Brasil. Fomos acompanhando o rio até o enorme quebra-mar que foi ali colocado defronte ao forte de São João. Entre as linhas de quebra-mar, as águas entram furiosamente fustigando as pedras até morrerem mansamente numa praiazinha minúscula. Na ponta do quebra-mar há um pequeno farol.
Almoçamos num restaurante caríssimo e com comidas em pequenas porções, debruçado sobre as areias grossas e pedregosas da praia dos Carneiros, de mar bravio.
Voltamos de lá num dos bondes antigos que ainda circulam pelo Porto. O ponto final dele é na Piedade, defronte à igreja de São Francisco.
Estando ali, eu fui visitar o Palácio da Bolsa, que a Mithiko já havia percorrido. Enquanto isso, ela foi à Igreja de Santa Clara e aproveitou os últimos minutos para ver também as Muralhas Filipinas.
Na saída, aproveitei que a igreja de São Nicolau estava aberta para dar uma espiadela em seu interior.
Em seguida, instigado pela Mithiko, fui à igreja de Santa Clara. Já alertado que lá estava uma senhora que gostava de conversar. Ela é muito divertida. Contou que a igreja fora decorada pela família de monjas e que o convento só aceitava noviças de famílias ricas.
A Mithiko contara a esta senhora que eu estava no Palácio da Bolsa. Assim, logo na chegada esta senhora falou que para a Mithiko o ingresso era gratuito, mas como eu pagara 7 euros no Palácio, teria também de pagar ali. E riu.
O altar mor e as capelas são em madeira repleta de figuras humanas, celestiais e natureza morta. Por falta de dinheiro, todavia, estão enegrecidas e carentes de uma limpeza profissional.
Depois de conversarmos muito sobre o prédio, ela sempre reclamando que tudo era cobrado e não entendia porque as freiras se recusavam a cobrar pela visita à igreja.
Depois mostrou um altar que tinha umas falhas na pintura, aparecendo uma cor amarela por baixo da tinta. Ela explicou que um sacristão pintara as parte de ouro do altar com tinta ordinária, o que evitou que soldados de Napoleão saqueassem o convento.
Eu elogiei muito a igreja e disse que valia muito mais que os 7 euros da Bolsa. E ela, muito séria: "mas o senhor não pagou ainda". E deu uma gargalhada.
Com a perseguição às ordens religiosas no século XIX, o convento foi extinto e passou a patrimônio do Estado.
Na parte alta da cidade do Porto estão a igreja de N. Sra. da Lapa, para onde o coração do nosso D. Pedro I foi levado.
Na freguesia da Campanhã fica o famoso Palácio do Freixo, diante do Douro, hoje ocupado pela pousada de Portugal.
Sábado, 15 de junho. De volta ao Porto, Mithiko foi visitar o Mosteiro da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia. O conjunto foi classificado pela UNESCO como patrimônio da Humanidade, talvez por seu claustro circular, único na Península Ibérica. O edifício secundário é muito longo, com inúmeras janelas e seguindo do alto o curso do rio.
Ele foi construído pelos frades agostinhos. Ali vários deles estão enterrados, como se vê nas sepulturas no chão. Apenas duas estavam identificadas: a de um superior e o de u'a menina de 6 anos.
A igreja também tem forma circular, com uma abóboda hemisférica, inspirada no Panteão de Roma.
Depois o conjunto passou ao Estado e hoje parte dele abriga um regimento militar. Por isso, o acesso ao telhado da igreja se faz acompanhado de um militar.
Dias depois voltamos ao mesmo sítio, pois de lá se tem uma das mais bonitas vistas do Douro. Como curiosidade, duas adolescentes estavam se fotografando e a Mithiko se ofereceu para tirar fotos de ambas. Uma delas respondeu que sim em inglês. A Mithiko perguntou se tinham alguma preferência de fundo e novamente ela respondeu em inglês. Numa segunda foto, a moçoila queria da cintura para cima e não achava a palavra inglesa para cintura. Aí eu intervim: "porquê você não explica em português? Ela está falando com vocês em português". Só então a moçoila despertou: "Ah! É mesmo! Ela falou: 'quer que eu tire uma foto de vocês?' ", imitando sotaque brasileiro. U'a moça que também fotografava o cenário abriu um sorriso, se divertindo com a jovem avoada.
De volta ao Porto, seguimos andando em direção ao bairro de Miragaia, outrora vila de pescadores fora das muralhas do Porto. O bairro tem um aspecto menos vistoso, com casas antigas e de aspecto descuidado. Roupas secam em varais pendurados nas janelas.
Fomos à igreja de São Pedro de Miragaia, cujo altar segue o padrão português, entalhado e pintado de dourado. Mas o interior é muito mais belo que o aspecto exterior da igreja.
Subimos até o largo da igreja de São João Novo, que estava em reforma. Dele, seguimos pela rua das Taipas. Paramos para ver uma fonte antiga na rua das Virtudes e ali tomamos um sorvete.
Continuamos a subida e tomamos a rua de São Miguel rumo à igreja de N. Sra. da Vitória, que fica em uma bataria (sim, assim mesmo) militar vista do outro lado da cidade pela sua altura. Possivelmente ali estavam assentados canhões. Serve hoje como um excepcional miradouro da cidade. Esta região da cidade é a antiga Judiaria e aí nasceu o conhecido escritor, fidalgo, ministro e embaixador Almeida Garrett, introdutor do Romantismo em Portugal.
A poucos metros da igreja está o Convento de São Bento da Vitória, cuja fronte quase não pode ser vista, por ser alta e estar numa ruela bem estreita. Entramos por curiosidade e quase não acreditamos na grandiosidade que é seu interior.
Uma curiosidade local foi u' mendiga velha, que fingia chorar em voz alta e desesperada, para atrair piedade e esmolas. Quando jogou a representação para cima de mim, chorei com ela. Aí, ela desistiu e foi chatear outro.
Segue para Penafiel ...
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