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CADERNOS DE VIAGEM

EUROPA - Portugal

Silves

A seguir, fomos a Silves, a Xilb dos árabes, às margens do rio Arade. Durante a ocupação moura, o fausto e a presença de sábios e poetas faziam-na ter um ar cosmopolita. Silves chegou até a ser mais populosa que Lisboa.

Ela foi tomada aos muçulmanos em 1189 em uma batalha muito longa e cruenta. Muitos dos moradores morreram de fome, sede ou nos saques dos cruzados.

Dois anos depois, foi retomada pelos mouros e só em 1242 incorporada definitivamente aos reinos cristãos. Nessa época foi elevada a sede de bispado, tendo Áfono X, o Sábio, rei de Castela, mandado erguer o edifício da Sé Velha. Mas no mesmo período as febres e pestes provocadas por pântanos formados pelo rio Arade, bem como alguns terremotos acabaram por reduzir enormemente a população e o vigor econômico da cidade. E por bula papal de 1534, sua sé foi transferida para Faro.

Visitamos a Sé Velha e o castelo.

A Sé, que ainda ostenta esse nome por razões históricas já vistas. Logo na entrada do templo, os túmulos já deteriorados de João Gramacho, falecido em 1516, e de um bispo desconhecido, portando báculo.

No interior estão o cenotáfio de D. João II, morto em Alvor e hoje sepultado no Mosteiro da Batalha, e os túmulos de Diogo de Silves (que realizou a primeira viagem de reconhecimento ao Açores) e de João do Rego (cavaleiro da casa do infante D. Henrique).

O castelo, numa cor ocre, já está amplamente reformado, exceto as muralhas. Em sua porta, uma imagem de metal de um cavaleiro medieval com as mãos apoiadas no cabo de uma longa espada. Quando mandei a foto pelo Facebook o André comentou que até a espada era maior que a Mithiko. Não sabe o que o espera na volta!

Dentro dele, um galpão nos leva à cisterna da Moura Encantada, nos subsolo do castelo, onde há explicações sobre objetos antigos ali achados.

Ao lado do castelo, fomos procurar numa lojinha algum material escrito sobre ele. Vi uns biscoitinhos de chocolate e resolvi comprar um pacotinho. Mas o moço da loja me advertiu que não eram de chocolate, mas de alfarroba. Depois me mostrou o que é uma alfarroba: trata-se de um fruto semelhante ao tamarindo, porém menor e mais delgado.

Tomamos um lanche numa lanchonete cuja atendente é de Londrina. Ela parecia bastante interessada em conversar conosco, o que atraiu a atenção de diversos clientes. Mas disse não querer voltar por culpa da violência no Brasil.

Perto do castelo visitamos o museu, que guarda dolmens e outros objetos deixados pelos povos do Paleolítico e do Calcolítico locais, bem como estelas com caracteres ibéricos do sul, lápides e estátuas romanas, material do período visigótico e muçulmano.

Ao fim e ao cabo, saímos atrás da Cruz de Portugal, que leva esse nome possivelmente por ficar à margem do caminho para Portugal (não se esqueça que historicamente o Algarve é um reino distinto do de Portugal). Por fim a achamos no caminho pelo qual já passáramos. É uma cruz de pedra lavrada com uma imagem do Cristo crucificado em uma face e da Mater Dolorosa na outra, sob uma cobertura como um coreto de cidade do interior.

Segue para Monchique ...

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