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CADERNOS DE VIAGEM

AMÉRICA DO SUL - Uruguai

Montevidéu

Saímos de Porto Alegre de ônibus na noite de sexta-feira com destino a Montevidéu.

Passamos por sobre a ponte elevável do Guaíba e fizemos uma parada em Pelotas. A próxima já seria na fronteira.

Chegamos lá pelas 7 horas da manhã. Ele é a antiga villa de Sán Felipe y Sant'Iago. Conta-se que o nome da cidade teria vindo do grito de um vigia na expedição de Fernão de Magalhães que, ao descobrir o cerro costeiro, disse "um monte vid eu" (vi um monte), uma origem risível, pois não é um modo de falar português.

Tudo escuro e coberto por uma névoa. Os termômetros na rua marcavam 3ºC. O dia começou a raiar. Os bairros suburbanos (um deles de nome Carrazco) são bonitos. Estilo americano, só com casas e gramados em volta. Entramos pela avenida Itália. Montevidéu pareceu muito espalhada para o número de habitantes que tem.

Vista de Montevidéu A cidade fica na foz do Rio da Prata, com vista tanto para este estuário quanto para o Oceano Atlântico.

Já na rodoviária fomos abordados por um motorista que nos oferecia para alugar o carro dele (a US$ 40,00 por dia). Não dava para entender quase nada que o homem falava. Depois vimos que o uruguaio fala como se tivesse uma batata na boca.

Nos hospedamos no Hotel Mediterraneo, na Calle Paraguay. e dali saímos para uma feet-tour começando pela famosa Av. 18 de Julio. Espremida entre prédios altos e antigos (um deles, o Palácio Salvo, é cartão postal da cidade), lembrava a Av. Copacabana, no Rio de Janeiro. Por ela trafegam ônibus multicoloridos. Passa-se pela Plaza del Entrevero (não consegui saber o porquê do nome) e se chega ao mausoléu de José Gervásio Artigas, onde estão os restos mortais do general, herói nacional uruguaio.

Em 1810, estando a Espanha ocupada por tropas napoleônicas, o vice-rei em Buenos Aires foi substituído pela Junta de Mayo. Os espanhóis de Montevidéu negaram reconhecimento à Junta. O exército espanhol em Montevidéu ameaçava bloquear o porto de Buenos Aires e impôs drásticas sanções econômicas no país.

Representantes dos criollos (platinos descendentes de espanhóis), o gen. Artigas derrotou o exército em Las Piedras (província de Canelones, perto de Montevidéu) e pôs a capital sob cerco. O sítio foi levantado por imposição de Buenos Aires. Em 1813 o novo governo buenos-airense convocou uma Assembléia Geral Constituinte de deputados das províncias do vice-reinado (Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai e Peru, que então compreendia a Bolívia), para o congresso conhecido como Congresso de Abril ou das Tres Cruces.

Buenos Aires detinha as rendas aduaneiras de seu porto e não estava nem um pouco inclinada a dividi-la com as demais províncias, num sistema federalista. Isto provocou uma cisão que iria durar por quase todo o século passado na Argentina. As províncias de Entre Rios, Corrientes, Misiones, Santa Fé, Córdoba e a Província Oriental formaram a Liga de Los Pueblos Libres, ou Liga Federal. A Liga escolheu Montevidéu como o porto comercial que substituiria Buenos Aires.

Isso encorajou o gen. Artigas a cercar novamente a capital uruguaia. Buenos Aires reagiu formando aliança com os portugueses (e depois com os brasileiros), com o intuito de tirar dos federalistas esta opção portuária. Desta forma esperava perder uma província, mas recuperar as demais. Foi por esta razão que o Uruguai foi a Banda Oriental de D. João VI e a Província Cisplatina do império do Brasil. Essa anexação contou, também, com a simpatia da oligarquia montevideana, que temia perder o poder para os criollos de Artigas. Tanto que o Cabildo local entregou ao comandante das tropas portuguesas a chave da cidade.

Plaza Independencia Na década de 1830, Buenos Aires vivia em conflito com as demais províncias e, por isso, temia o império brasileiro. Assim, resolveu apoiar o grupo militar chamado de Os Trinta e Três, que obteve rápidas vitórias sobre os brasileiros sob o comando de Lavalleja. Chamada a arbitrar se o Uruguai pertenceria ao Brasil ou à Argentina, a Inglaterra propôs a independência uruguaia. Em 1830 o Brasil aceitou a sugestão, que foi aceita a contragosto pela Argentina.

O mausoléu lembra um pouco, sem o mesmo luxo, o Memorial JK, em Brasília. É um salão tendo ao centro um plano rebaixado e nele um monumento alto (uns 3 metros) e sobre ele o esquife do libertador, sempre guardado por dois guardas. Uma passarela em tom escuro circunda o monumento e nas paredes, clareadas por iluminação indireta, placas contando passagens da vida e obra do militar.

Esse mausoléu fica na praça Plaza Independencia (foto), cercada por prédios de diversos estilos, desde século passado a moderníssimo. Ali está o Palácio da Justiça, um edifício com uma torre alta e de estilo exótico. Parece um minarete. Também nesta praça está o que restou do pórtico de entrada da antiga fortificação que era a Ciudad Vieja.

edifícios na orla

Dali descemos para as margens do estuário do Plata, um "mar" de águas escuras. Caminhamos pela chamada Rambla Sur. Prédios de tijolo aparente, bem afastados um dos outros, margeiam a avenida. Um calçadão em obras margeia o "rio". Ali achamos a bateria San Sebastián, que protegia a cidade dos ataques de inimigos e que hoje não sobrou muito mais que os muros e canhões.

Adiante fomos ver a Punta Santa Teresa, um quebra-mar que avança estuário adentro para proteger o porto de Montevidéu. Muito sujo, ali as famílias vão pescar nos fins-de-semana. O porto parece um depósito de navios velhos.

Subimos a colina que sustenta o centro da cidade, a chamada Ciudad Vieja, local onde a vila foi fundada entre 1726 e 1730 por Bruno Mauricio de Zabala e 13 famílias das Ilhas Canárias.. O centro é composto de ruas estreitas e casas velhíssimas e mal-conservadas. Para fazer uma idéia, parece a rua da Glória, em São Paulo.

No centro há o Mercado del Puerto, que para eles parece ser a única opção de lazer e para lá acorrem todos. É um mercado reformado. Fora estão restaurantes. Dentro, dezenas de "lojinhas" cercadas de balcões, onde as pessoas bebem e comem. Em muitas delas, fogões a lenha assam peças de carne.Mercado del Puerto

Perguntei a u’a moça sobre um broche que ela usava. Pareceu-me, e era, uma foto de trisavó dela. Ela me respondeu em português e eu achei que era brasileira. Começamos a conversar. Por fim ela se identificou como uruguaia, mas que havia passado vários meses em São Paulo (viver no Brasil parece contar para o currículo deles, pois vários o fizeram).

Essa moça nos falou de um tal de "médio y médio", uma bebida feita metade com vinho branco e metade com champanhe. Convidamos a moça (que estava esperando o namorado) para um trago. Ela, meio chegada ao médio y médio, embora relutante, aceitou. Dali a pouco chegou o namorado, um animalão de quase dois metros e que, pela altura, trabalhava como segurança de festas. Muito simpático o rapaz, mas tivemos de aceitar almoçar com eles para não pegar mal. Não saímos dali até que o Mercado fechou.

Do Mercado seguimos andando pelas ruas do centro, inclusive a velha Peatonal Sarandí, em direção ao hotel. A tarde já ia caindo. Perto do hotel achamos uma avenida larga (Av. del Libertador), que conduzia ao Palácio Legislativo. O Mancini ameaçou uma resistência, mas se rendeu ao argumento que estávamos lá para conhecer as coisas e não para nos enfurnarmos em quarto de hotel. E lá fomos nós andando ao Parlamento, do outro lado do mundo. Um prédio enorme, tipo Museu do Ipiranga ou Museu Imperial de Petrópolis, defronte a um balão para onde convergem várias avenidas movimentadas. Perto a igreja de (.....), onde uma placa dizia ter se realizada a assembléia que resultou na independência local. Um passante nos garantiu que a assembléia tinha ocorrido no centro da cidade.

Perto do mar fica o Cerro, sobre o qual se intalou um forte militar, hoje o Museo Militar Fortaleza General Artigas. Este cerro, o Monte Vidéo, deu origem ao nome da cidade.

Montevidéu tem uns poucos pedintes, em geral índios. Carros muito velhos mostram que o pessoal não é muito rico, mas também não se encontram muitos esmoleres. Segundo o imenso segurança, não há muitos empregos em Montevidéu, que vive basicamente de turismo e serviços (principalmente bancários). Isso certamente explica o estágio no Brasil.

A temperatura, que tinha subido para cerca de 15 ºC, voltava a cair e fomos para o hotel. Ali recuperei a noite dormida no ônibus e pedi para sermos acordados cedo, pois iríamos a Colonia del Sacramento.

Segue para Colonia del Sacramento ...

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