Fomos conhecer Tui (túi). O bispado tudense abarcava a Galícia e o norte de Portugal. São Epitácio foi o primeiro bispo de Tui. Um resumo em galego da história da cidade você encontra aqui.
Tui tem origem mítica. Dizem que os gregos povoaram a região na era romana. Era o Castelum Tyde, capital da comarca de grovios.
Ficava na estrada XIX de Antonino, ligando Bracara Augusta (Braga) a Lucus Augustus e Brigantium. Assim, tornou-se importante centro comercial de vinhos, madeiras, couro e sal.
Ela foi capital dos suevos e depois dos visigodos. O rei Witiza teve sua residência ali. O museu local mostra algumas moedas cunhas nesse período.
A cidade foi invadida em 721 pelos árabes, mas reconquistada por Alfonso I em 740.
Os viquingues e os normandos também saquearam-na. A cidade era em realidade uma fortaleza avançada que guardava a Galícia da cobiça portuguesa e a foz do Minho de incursões de marinhas estrangeiras.
Do alto da Catedral se vê o rio Minho e a cidade portuguesa de Valença do Minho.
Na Idade Média Tui teve uma importante colônia judia, com duas sinagogas e um cemitério (nos arrabaldes de La Saravia).
A Catedral é do século XII e sua silhueta domina a colina onde está o centro histórico da cidade. Numa capela lateral estão os restos mortais de San Telmo e do mártir San Clemente do século IV (cujos restos vieram de uma catacumba romana para Tui). Diz a tradição que o primeiro bispo local foi Santo Epitácio, na primeira metade do século I.
O museu local não tem acervo muito rico. As peças mais interessantes são umas poucas lápides romanas (com inscrições ainda não lidas), algumas moedas galaico-romanas e um capacete galaico da era romana, o único eu vi até agora.
Nessa cidade, a irmã Lúcia teve a 13 de junho de 1929 uma visão de Nossa Senhora de Fátima, onde teria aparecido a ela a Santíssima Trindade.
Fomos almoçar em Valença do Minho, uma cidade portuguesa ligada a Tui por uma ponte. É curioso que alguns metros além e a língua é completamente outra, como se o rio barrasse os sons vindos da Galícia e da Espanha.
O restaurante estava cheio em razão de uns excursionistas portugueses. O garçom nos atendeu, a princípio, com gentileza e, depois, completamente informal. Explicou o que eram os nomes das comidas (batata amassada, por exemplo, é batata a murro). Depois gozou-nos falando "obrigadinho", à brasileira. Por fim, quando perguntei se o cafezinho não era colombiano, ele respondeu: "Não. É português". O gerente do restaurante, que passava justo naquela hora, deu uma gozada nele: "E desde quando Portugal produz café?". Ele ficou sem graça e saiu rindo. Depois voltou com papo esfarrapado: "é que eu tenho uma quinta onde planto café ...". Daí em diante só sacanagem. "Você exporta seu café?", perguntei-lhe. Na gorjeta, disse que era um financiamento para o cafezal dele. O gajo riu.
A Guarda ...
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